ARTIGO – LUANDA VIEIRA

A jornalista Luanda Vieira fala sobre a importância de ter mulheres negras em cargos de liderança. Um spoiler: os números de faturamento crescem.

““Não adianta convidar para a festa se não for tirar para dançar.” Sempre começo qualquer conversa sobre diversidade e inclusão com essa explicação da diferença entre uma coisa e a outra. No início das discussões sobre representatividade, as empresas acreditavam que ter um quadro de funcionários com mais negros, sobretudo mulheres, era o suficiente para se esquivar das críticas e cobranças por equidade. A verdade é que nada disso muda se esses funcionários não tiverem poder de decisão.

Lembro de todas as vezes, quando eu ainda não ocupava um cargo de gestão, em que alguns chefes me faziam de token (usar a figura de uma pessoa para dizer que a empresa não sofre com questões de diversidade), afinal, eu estava sempre impecável, falava outras línguas e entregava o meu trabalho com qualidade. No fim do dia, a minha presença não mudava verdadeiramente a empresa, pois eu não tinha poder de opinar. Quando falamos em ter mulheres negras em cargos de liderança, falamos sobre a oportunidade de sentar à mesa de igual para igual com a possibilidade de mudar as regras.

Um ambiente diverso melhora a performance de qualquer empresa e isso não é apenas a minha visão. De acordo com pesquisa da McKinsey, companhias com equipes plurais são capazes de atingir resultados 21% maiores do que empresas que não estão olhando para a diversidade. Sendo
prática, as ideias e soluções não são fora da caixa quando todo mundo tem a mesma vivência, frequenta os mesmos lugares ou estudou no mesmo colégio.

Já como chefe, passei a observar a importância de ter gestores negros. Eu nunca tive, mas optei por ser a diferença. Construir uma trajetória repleta de desconfortos fez com que eu me tornasse a editora empática que eu gostaria de ter tido no meu processo de evolução no mercado. Questões como saúde mental, por exemplo, nunca foram prioridade para a comunidade negra. Somos levados à exaustão, não podemos errar e ainda acreditamos que cuidar do equilíbrio não nos pertence.

É estrutural, mas possível mudar. Vamos quebrar a mesa?”

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