As barreiras caem, todos se beneficiam

“À medida que as mulheres alcançam o poder, as barreiras caem. À medida que a sociedade vê o que as mulheres podem fazer, à medida que as mulheres veem o que as mulheres podem fazer, haverá mais mulheres fazendo coisas, e todos nós nos beneficiaremos disso”, declarou certa vez Ruth Bader Ginsburg, Juíza da Suprema Corte americana e umas das grandes referências de atuação progressista e feminista em todo o mundo, morta este ano. A força das palavras e dos gestos da Ruth Ginsburg sempre me inspiraram. Por isso, desde que assumi a vice-presidência jurídica da Ambev, como primeira mulher a ocupar essa posição, sabia que o meu papel iria muito além dos desafios e dia a dia da área.

Estar em uma posição de alta liderança no cenário atual é mais do que ocupar um cargo, é se saber responsável por abrir espaço para outras mulheres. É mostrar a cada uma delas que é, sim, possível chegar aonde desejar. Derrubar barreiras, assim como vibrar, festejar, dar visibilidade às conquistas de outras mulheres, sejam elas anônimas ou a vice-presidente eleita dos Estados Unidos, Kamala Harris, são missões diárias para construir uma sociedade mais equilibrada e justa. E ainda há muito a ser feito.

Não é novidade para ninguém que a participação feminina no mercado de trabalho ainda é baixa. Durante a pandemia, a participação das mulheres foi a menor em 30 anos no mercado. A parcela chegou a 46,3% no segundo trimestre de 2020. Desde 1991, o número não ficava abaixo de 50%, segundo dados do IBGE.

Quando analisamos os cargos mais altos, os números ainda são desanimadores. No Brasil, apenas 19% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres, abaixo da média mundial de 27%, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E é por questões como essas que eu e outras mulheres que ocupam cargos de liderança buscamos, em parceria com as empresas em que estamos, mudar o cenário atual.

Aqui na Ambev, por exemplo, quando olhamos para os índices, mulheres representam 13% da nossa diretoria, 32% da nossa gerência e a 32% da nossa liderança geral. Desde 2015, mais do que dobramos a participação de mulheres em cargos como gerentes e diretoras. Esses números ainda têm muito a evoluir e estamos trabalhando para isso.

À proporção que a representatividade aumenta, os debates ficam mais ricos, as empresas começam a entender melhor a maior diversidade de desejos e aspirações da comunidade, as inovações atendem melhor os clientes e consumidores e tudo isso é essencial para a boa performance das companhias.

Não é à toa que as práticas de diversidade e inclusão têm recebido cada vez mais atenção nos critérios ESG para avaliação de empresas e investimentos. A sigla em inglês para “Environmental, Social and Governance” usada para se referir às melhores práticas ambientais, sociais e de governança de um negócio. Os pesos dos indicadores que compõem as diferentes avaliações de ESG podem variar, mas não há dúvida de que uma companhia somente pode ser reconhecida por melhores práticas sociais se tiver políticas de diversidade e atuar de forma inclusiva com seus colaboradores, fornecedores, clientes e toda comunidade em que opera e sua governança somente será uma referência se houver diversidade na alta liderança.

É, notória Ruth Bader Ginsburg, parece que a sociedade está evoluindo para reconhecer os benefícios de haver mais mulheres fazendo coisas nas empresas, nos governos e em outras organizações.

Sigo com meu trabalho e com o desejo de que cada vez mais mulheres possam ocupar lugares de destaque e puxar umas às outras nesse crescimento. Afinal de contas, quando uma de nós quebra uma barreira, não significa que chegamos ao ponto final, mas só estamos iniciando uma trilha de suporte mútuo e valorização de nossas histórias no mercado de trabalho. Todo mundo ganha. Vamos juntas?

#IWILL

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