Conversamos com Jandaraci Araújo, conselheira da WILL, professora e empresária no segmento de – E-commerce B2C e consultora empresarial com MBA em Finanças e Controladoria pela Fundação Getúlio Vargas, MBA Executivo pela Business School e especialização em Inteligência Competitiva pela ESPM. Janda falou para o site da Will sobre a esperança de um novo tempo com maior diversidade e representatividade na política brasileira.
Podemos afirmar que a diversidade e representatividade são as marcas das eleições 2018?
As eleições 2018 foram um marco na história da democracia brasileira e na luta por mais mulheres em todas as esferas de poder, assim como por mais representatividade da sociedade e a diversidade seja de gênero, raça, LGBTQ+ e deficientes.
A que você atribui o crescimento das mulheres no legislativo?
Em uma eleição extremamente polarizada e repleta de fake news, as mulheres conseguiram um avanço histórico. Essa mudança foi consequência do esforço de vários movimentos que tinham como objetivo dar visibilidade à candidatas mulheres e também combater as candidaturas “laranjas”, que ficaram evidentes nas eleições municipais de 2016, onde 14.417 candidatas no Brasil não tiveram nem um voto sequer. A esperança que este crescimento de 51% de mulheres no legislativo, amplie-se a discussão de políticas públicas, assim como a criação de leis que contemplem melhores condições para todas as mulheres.
Como é a paridade política entre homens e no Brasil?
De acordo com União Interparlamentar, o Brasil ocupa a 156º posição no quesito paridade política entre homens e mulheres, o terceiro pior da América Latina, ficamos atrás de países como Niger, que tem o pior IDH do mundo, e Afeganistão. Mesmo com a cota obrigatória dos partidos de terem no mínimo 30% das candidaturas femininas, as mulheres ocupam apenas 10,5% dos assentos no legislativo, ou seja, 52% do eleitorado do país está sub representado,
O que representou ter menos mulheres ocupando as cadeiras do legislativo durante anos?
Impactou de forma negativa, a exemplo da aprovação da nova CLT, que apresenta desvantagens das mulheres em relação aos homens pois altera as condições de trabalho – reduz conceito de salário, reduz gratificações e incorporações, diminui o alcance da isonomia salarial, permite gestante e lactante em trabalhos insalubre , reduz pausas para amamentação. Como alçar liderança se a base está fragilizada? Como abordar o gap salarial, se há uma legislação que favorece a manutenção desta desigualdade? Apesar de ser a maioria no mercado de trabalho formal, as mulheres ocupam menos cargos de chefia, recebem remuneração 24% inferior em média e frequentemente estão sujeitas à dupla jornada.
Quais são os principais destaques da eleição?
Destaco a diversidade. Teremos a primeira mulher indígena eleita como Deputada Federal – Joenia Wapichana, a eleição de uma mulher trans negra como Deputada Estadual em São Paulo, uma mulher deficiente Mari Gabrilli para o Senado Federal – que até 2016 não tinha sequer banheiro feminino nas suas instalações. E quando a pauta é feminina, não importa se é direita ou esquerda, nós eleitoras esperamos que a SORORIDADE prevaleça sobre as ideologias partidárias e as futuras deputadas e senadoras alinhem-se no propósito da equidade de gênero.
O que esperar do governo de Jair Bolsonaro com relação a políticas públicas que estimulem a equidade de gêneros em diferentes setores da sociedade?
Até o momento não há uma pauta sobre a questão de equidade de gênero, pelo menos neste período de transição. Na verdade, espero que não haja nenhum retrocesso nas políticas de inclusão das minorias. Espero, principalmente, que tenha mais mulheres na equipe de governo.