ENTREVISTA – 5 PERGUNTAS MÁRCIA CASZ

Ser responsável pela direção do Rio Open ATP 500, o maior evento de tênis da América do Sul e maior evento do calendário regular de esportes olímpicos do Brasil, é motivo de grande orgulho e realização para a executiva Márcia Casz. Com longa carreira na área esportiva, tradicionalmente conhecida por contar com muitos homens nos cargos de liderança, a entrevistada desta edição na seção 5 perguntas vai revelar um pouco dos aprendizados e desafios que vivenciou ao longo de sua carreira.

Você é hoje uma das principais executivas de marketing esportivo no país. Como sua trajetória profissional na área teve início?

A minha trajetória se iniciou há mais de 20 anos. Sou formada em engenharia de sistemas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e comecei a atuar profissionalmente no Departamento de Tecnologia da Globosat, em 1994. A paixão pelo esporte, cultivada desde os tempos de atleta de vôlei, fez com que, em 1999, eu fundasse a minha própria empresa de marketing esportivo.

A entrada no universo dos grandes eventos, espaço essencialmente masculino, aconteceu em 1999, quando eu comecei a organizar o evento Rei e Rainha da Praia. Numa arena na Praia de Ipanema, participavam os melhores atletas do vôlei de praia nacional em busca do título de Rei ou Rainha da Praia, título que virou objeto de desejo de todos os atletas do vôlei nacional.

No mesmo ano, promovi um evento de skate para a RedBull, marca que estava entrando no Brasil. Realizado na Praia de Ipanema, o RedBull SKATE PRO (evento de skate vertical), foi um enorme sucesso. A partir dessa primeira experiência, despertei para o segmento de esportes radicais/ação, e passei a realizar os principais eventos desse setor, como XGames (2002, 2003 e 2004) e Megarampa. Minha empresa virou referência.

Como é ser uma liderança feminina num universo que, infelizmente, ainda é majoritariamente masculino como o tênis profissional?

A presença feminina, assim como de negros, é um desafio em diversos setores. O marketing esportivo também é um segmento marcadamente masculino. Tive que romper barreiras até me consolidar como executiva. É essa vivência que faz com que eu busque identificar e contratar mulheres para a equipe do Rio Open. Hoje, posso dizer que o maior evento de tênis da América do Sul é comandado por um time de mulheres. Agora, assumi o desafio de ter uma equipe diversa também em termos raciais.

Quais são os principais desafios de comandar um torneio tão importante como o Rio Open?

O Rio Open é o principal torneio de tênis da América do Sul. A realização de um evento desse porte exige relacionamento com diversos públicos estratégicos: a ATP (Associação de Tênis Profissional), atletas, público, imprensa, patrocinadores, órgãos públicos. O desafio permanente é contemplar as expectativas de todas essas partes. No plano interno, temos o desafio da organização propriamente do torneio, o que inclui a seleção dos atletas, toda logística, treinamento da equipe que vai trabalhar. o objetivo é manter o evento sempre atual, com inovações a cada ano, de modo a sempre surpreender positivamente o público que comparece ao complexo do Rio Open.

Quais são as principais ações que o evento promove para apoiar as mulheres no setor?

Como falei, o Rio Open é um evento comandado por mulheres. Os principais postos da minha equipe são ocupados por mulheres. Por isso, temos grande preocupação com a criação de um ambiente de respeito e de valorização da diversidade. Estamos investindo na criação de uma cultura, por meio de treinamento, palestras. Essa preocupação é extensiva também ao público. Procuramos criar um ambiente seguro, livre de assédio, para as mulheres que comparecem ao torneio.

Quais dicas daria para as novas lideranças?

A principal dica é ter paixão pelo que se faz. No meu caso, sempre fui apaixonada por esporte. Além da paixão, é preciso desenvolver algumas competências que considero muito importantes: foco, resiliência, empatia e bom humor.

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