VAMOS REFLETIR SOBRE REPRESENTATIVIDADE E ACESSO NO UNIVERSO CORPORATIVO?

Há algum tempo temos ocupado os espaços de discussão da WILL, incluindo esse newsletter, para propor reflexões e provocar nosso público a pensar sobre como podemos atuar como agentes para acelerar a transformação da sociedade na direção, não só da equidade de gêneros, mas também de uma representação mais justa, ampliando a participação de grupos minorizados em espaços de debate e decisão.

Graças a um trabalho consistente e constante de conscientização, a cada dia que passa, vemos mais empresas engajadas na implementação de iniciativas para aumentar a presença feminina em cargos de liderança e na preparação de jovens talentos para desempenhar esses papeis no futuro. Sendo que muitas dessas companhias já compreenderam a necessidade e urgência de trabalhar as interseccionalidades, contemplando outras dimensões da diversidade, como a questão da inclusão racial, de grupos menos favorecidos economicamente e da população LGBTQIAPN+, por exemplo.

Essas ações vêm trazendo resultados bastante positivos e devem ser celebradas como boas práticas, que podem e devem ser replicadas. No entanto, é fundamental considerarmos que a inclusão, de fato, desses profissionais perpassa o âmbito das companhias, se estendendo a eventos setoriais e de mercado diversos, como palestras, seminários, congressos, workshops, viagens de imersão, entre tantos outros, criados sob medida para propiciar o debate de ideias e a troca de experiências entre pessoas com os mais diversos backgrounds.

E o que esses formatos têm de semelhante, além de serem importantes espaços para o desenvolvimento de uma persona profissional relevante, é o fato de envolverem a premissa de investimentos financeiros, seja para a inscrição, como acontece em muitos dos casos, ou para viagens e hospedagens, no caso dos eventos internacionais. Esse aspecto, por si só, acaba por segregar boa parte dos profissionais em ascensão, principalmente, aqueles que conquistaram suas vagas por meio de programas de incentivo ou de cotas e, majoritariamente, integram uma parcela da população menos favorecida economicamente, que não dispõe dos recursos necessários para investimentos desta natureza enquanto estão iniciando suas jornadas rumo à liderança.

Essas vivências, complementares ao dia a dia corporativo, contribuem para formar a identidade de cada profissional e o conjunto daqueles soft skills que quase nunca são mencionados em entrevistas de emprego ou processos seletivos, mas que desempenham papel crucial para a sobrevivência e evolução corporativa dos indivíduos. Sabemos que esses momentos de troca e de networking são essenciais para a construção de repertório e, consequentemente, para a inserção dos jovens talentos em dinâmicas que os acompanharão pelo restante de suas trajetórias.

Desta forma, na medida em que avançamos na missão de ampliar a inclusão dos profissionais de grupos minorizados no mercado de trabalho, se faz necessário pautar a discussão sobre como a WILL, enquanto organização, as empresas e cada um de nós, individualmente, como membros do mercado, podemos ser agentes de transformação, contribuindo para reduzir a assimetria social em ambientes de discussão sobre a liderança executiva.

Precisamos olhar para o desafio de uma forma mais abrangente, tendo em mente que a representatividade é um fator preponderante para a manutenção das conquistas que tivemos até agora. E compartilhar o protagonismo dos debates com representantes de grupos minorizados contribui de diversas formas para enriquecer esse ecossistema e torná-lo ainda mais poderoso.

É um cenário em que todos só têm a ganhar. Os talentos têm a oportunidade de aprender a partir das informações trocadas com lideranças experientes, as empresas conseguem mapear melhor os desafios enfrentados por esses grupos e as próximas gerações são influenciadas pela representatividade exercida por pessoas que venceram obstáculos parecidos.

Deixo aqui a provocação para que possamos pensar em iniciativas e ferramentas que permitam a democratização desses espaços de discussão e facilitem a representatividade dessas futuras lideranças. Somos todos parte da solução!

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