I WILL – HISTÓRIAS QUE INSPIRAM

Saiba mais sobre como a maternidade contribuiu para enriquecer os skills corporativos da executiva Fernanda Inomata, CRHO da PraValer.

1) A maternidade, de alguma forma, contribuiu para o seu desenvolvimento profissional?

R.: A maternidade me ajuda a dar valor para o que importa no trabalho. Durante a licença, percebi o quanto o trabalho era importante para minha individualidade. Quando retornei vi a necessidade de gerir bem o tempo para poder ser a mãe e a profissional que desejo e, com isso, estou aprendendo a priorizar o que é realmente importante.

Além disso, quando você educa uma criança reaprende o que significa ter uma comunicação clara. Meu filho tem 4 anos e ele ainda não entende muitas nuances, meias palavras e o que fica subentendido. Trouxe isso para o meu dia a dia no trabalho e isso tem me ajudado a ser mais assertiva na comunicação.

2) Como uma profissional de alta liderança executiva você teve receio de prejudicar sua evolução profissional por estar ausente durante a licença maternidade?

R.: Compreendo a preocupação das mulheres em relação ao impacto na progressão profissional, e reconheço que estatisticamente essa fase muitas vezes desacelera a carreira delas. No entanto, tive a chance de contar com um ambiente que me proporcionou segurança nesse aspecto.

Além disso, agradeço imensamente a sólida rede de apoio que tenho e uma empresa que oferece horários flexíveis e a opção de trabalho híbrido. Esses fatores foram fundamentais para que eu pudesse equilibrar minha rotina como mãe e profissional após a licença maternidade.

3) Quais tem sido os principais desafios de conciliar um cargo de gestão com a maternidade?

R.: O retorno após a licença maternidade foi um período extremamente desafiador, pois temos que “pegar o bonde andando”, por assim dizer, e nos adaptar rapidamente ao contexto da empresa naquele momento — as atividades da empresa continuam, nada para porque estamos fora. Por isso, acredito que reestabelecer alianças, sentir que voltou ao ritmo de trabalho, e adaptar a rotina profissional com a nova logística da família foram desafios que me preocupei após o período de licença maternidade.

No entanto, logo, percebi que voltar a trabalhar era extremamente poderoso: ter a capacidade de canalizar energia num foco diferente em um ambiente que você já conhece é revigorante, principalmente quando comparado a todas as novidades e adversidades complexas de ser mãe de primeira viagem. Retornei com muito gás, com sentimento de primeiro dia de trabalho!

4) Sua maternidade veio após um processo de adoção, que pode ser bem mais longo que uma gestação. Você se sentiu acolhida pela empresa durante esse período? A companhia conta com alguma iniciativa ou benefício específico para profissionais em processo de adoção? Como a empresa tem te apoiado nesse importante momento de sua vida?

R.: Optei por ser mãe adotiva e tive a felicidade de, desde o início, contar com o apoio caloroso da empresa e de todos os meus colegas de trabalho. Sempre fui respeitada e minha realidade nunca foi tratada como um tabu. Desde o início, algumas pessoas me perguntavam se eu teria licença maternidade e a resposta era simples e óbvia: “Claro que sim”.

Recebi um apoio significativo em questões burocráticas que muitas vezes não são encontradas ao ter um filho de forma natural. Além disso, escolhi por seguir um processo de adoção internacional, o que trouxe ainda mais complexidade para alguns processos. Mesmo assim, a empresa demostrou grande parceria.

Foi muito tranquilo, por exemplo, incluir meu filho no plano de saúde, garantindo sua cobertura logo após a decisão judicial, e minha licença maternidade foi considerada a partir do momento em que viajei para encontrá-lo. Nunca houve questionamentos quanto à legitimidade da licença maternidade. Inclusive, após esse período, fui recebida muito bem e desde o início me colocaram nos projetos e nas discussões como se eu nunca tivesse saído, o que para mim foi ótimo.

5) Qual conselho você daria para as profissionais de alta liderança que desejam se tornar mães enquanto estão no ápice de suas carreiras?

R.: Entendo que os desafios existem e, no começo, pode ser difícil entender qual a melhor forma de contorná-los, mas meu conselho é para que essas mulheres tenham confiança em suas habilidades e em seus potenciais de sempre encarar as dificuldades de peito aberto.

Acredito também na importância de uma maternidade real, na qual é necessário fazer algumas escolhas. Ao optar por conciliar a carreira corporativa com a maternidade, é fundamental saber priorizar. Por exemplo, quando estou trabalhando de casa, concentro-me totalmente no trabalho, sem me sentir culpada por não estar brincando com meu filho. Por outro lado, valorizo muito o momento de colocá-lo para dormir, então mantenho meu celular distante e evito verificar mensagens durante esse tempo.

O mundo profissional pode nos ensinar a ser mais adaptáveis, pragmáticas e resilientes, e essas mesmas características também são importantíssimas no universo da maternidade.

6) Quais sugestões daria para empresas que desejam criar um ambiente mais acolhedor para profissionais que estão esperando ou já têm filhos?

R.: As empresas precisam de líderes que encarem a parentalidade como uma parte natural da vida, não como uma fase “café com leite”. Isso deve ser uma realidade não apenas para as mulheres, mas também para os homens. Um homem que deseja assumir a paternidade solo merece o mesmo apoio que as mulheres.

Pequenos gestos tiveram um grande significado para mim, especialmente durante minha licença. Em momentos de mudanças importantes, sempre fui consultada com antecedência. Decisões importantes eram tomadas após considerar minha opinião, demonstrando que ninguém presumiu como as coisas deveriam ser feitas na minha ausência. Minha contribuição continuou sendo valorizada mesmo quando não estava presente.

Eu acredito fortemente na importância das licenças maternidade e paternidade. Esse período foi precioso para mim e meu filho. Não ser julgada por decidir ficar um período longo ou curto de licença também é importante, pois isso reflete a individualidade de cada pessoa.

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