Somente com um diálogo aberto e claro e com o apoio dos homens conseguiremos atrair e reter o talento feminino para o mercado de trabalho, em todos os níveis, e fazer com que a mulher finalmente aspire e conquiste mais posições em cargos de liderança.
É fundamental que nós mulheres reconheçamos o potencial econômico feminino e convidemos os homens, que são hoje a maioria absoluta dos líderes empresariais e políticos, para esse importante debate.
Justamente por isso, me sinto absolutamente confortável em convidá-los a esse debate tão relevante, que não poderia vir em momento mais apropriado marcado por um cenário de crise e instabilidade econômica e política no país.
SILVIA FAZIO. Presidente, WILL Brazil NGO
International Partner at Chadbourne & Parke LLP
Programa
Os Fatos
- A proporção de mulheres nos cargos de alta administração das companhias de capital aberto brasileiras é de cerca 8% somente (Fonte: Fundação Getúlio Vargas, Grupo de Pesquisas de Direito e Gênero: ” Participação de mulheres em cargos de alta administração: relações sociais de gênero, direito e governança corporativa”) e, hoje não temos uma mulher CEO sequer dentre as companhias que compõem o principal índice de ações da Bolsa Brasileira, o Ibovespa;
- De acordo com o IBGE, o Brasil possui uma população de maioria feminina. São 51,5% de mulheres e 48,5% de homens: um debate sobre a posição da mulher, não é certamente um debate sobre a posição de uma minoria;
- 55% das pequenas e médias empresas no Brasil são hoje de propriedade de mulheres.
(Fonte: IFC “Enterprise Finance Gap Database”, Goldman Sachs, The Banker/FT.)]
- No Brasil, a mulher recebe salários 28% menores do que os dos colegas homens, para cargos equivalentes.Fonte: IBGE. A titulo de exemplo, essa diferença cai para 19% nos Estados Unidos, mas ainda é bastante assustadora.
A maioria dos executivos, empresários e formadores de opiniões globais parece reconhecer que empresas com mulheres em cargos de alta administração têm resultados financeiros melhores.
Vários estudos realizados após a crise do setor financeiro, em 2008, indicaram que empresas com mulheres em posições de liderança tinham superado mais rapidamente as consequências da crise. Entre outras coisas, os estudos indicaram, que a visão da mulher, muitas vezes mais conservadora e adversa ao risco, tinha sido extremamente valiosa em momentos de crise.
Homens e mulheres, com formação e preparo semelhantes, tem visões diferentes que, combinadas, podem agregar muito valor às decisões estratégicas de uma empresa.
Existe e existirá no mundo, principalmente nos mercados emergentes, uma crescente demanda por profissionais altamente qualificados. Essa falta de mão de obra altamente qualificada poderá ser preenchida pelas mulheres que hoje estão em maioria concluindo os cursos universitários e ingressando no mercado de trabalho. O suprimento dessa carência tem um potencial de grande geração de riquezas, principalmente em países emergentes, como o Brasil, que não pode ser ignorado.