Com participação da WILL LatinAmerica, encontro promovido pela agência de comunicação In Press Porter Novelli debateu os gaps para atingir a igualdade de gêneros
“Ter opção de escolha é um passo importante para o sucesso da mulher no mundo corporativo, no entanto, apesar de alguns avanços, o mercado ainda não nos dá oportunidades genuínas neste aspecto”, afirmou Silvia Fazio, presidente da organização não governamental WILL (Woman in Leadership in LatinAmerica), no evento Mulheres I(n)Pressionantes, e a igualdade de gênero, promovido pela agência de comunicação In Press Porter Novelli, no dia 10 de junho.
Com o intuito de discorrer sobre a importância da diversidade de gêneros no mundo corporativo e o emporamento feminino, o encontro reuniu líderes de grandes empresas brasileiras e instituições, entre elas: ArcelorMittal, Bosch, Dow, Delloite, Embraco, HP, Hospital Santa Paula, Qualcoom, ONU Mulheres e WILL LatinAmerica – organização com foco no desenvolvimento da carreira das mulheres latino americanas.
“Temos a missão de ajudar quem está vindo atrás. A discussão aqui não é chegar ao mercado, mas como a gente prepara as novas gerações de mulheres para chegar à liderança e como podemos auxiliar as organizações a abraçar a igualdade de gênero com naturalidade”, avalia Kiki Moretti, sócia-diretora do grupo In Press, anfitrião do evento.
Kiki, que também é membro da WILL LatinAmerica – organização com foco no desenvolvimento da carreira das mulheres latino-americanas, disse que, embora a agência seja ‘um ponto fora da curva’, por empregar um grande número de mulheres, a In Press Porter Novelli defende a causa da igualdade de direitos entre homens e mulheres. “As grandes mudanças sempre começaram em pequenos grupos. Esta é a nossa hora’, defendeu.
Todas as executivas presentes avaliaram que um dos grandes problemas da ascensão feminina aos cargos de alto escalão é o desenvolvimento da carreira desde a base e, principalmente, a retenção de talentos quando elas atingem posições de média gerência ou decidem ter filhos, por exemplo.
“Mas não basta querer mais mulheres na direção. É preciso instruí-las e incentivá-las a querer ficar durante e após a ascensão”, explica Claudia Braga, presidente do comitê de mulheres da HP Brasil. Segundo ela, é essencial promover a conversa sobre o tema não só com as mulheres, mas com os homens também. “Devemos pensar qual nosso papel como influenciadoras no trabalho, com os amigos, os maridos e os filhos. A discussão sobre equidade de gênero deve ser disseminada como uma religião, introduzi-la no nosso dia a dia”, defende.
Para Adriana Carvalho, da ONU Mulheres, as dificuldades se devem ao fato de que o modelo de poder é predominantemente masculino. “As formas de contratação são masculinas e, sobretudo, o modelo de ambição no mundo corporativo tende a ser masculino”, avalia. Adriana também faz parte da Aliança para o Empoderamento da Mulher, iniciativa da Dow Química para fomentar ações para a ascensão feminina no mercado de trabalho.
Mas como quebrar esses paradigmas? “Acho que cheguei onde cheguei sem me lembrar que era mulher. Se enfrentei dificuldades, eu nunca percebi”, diz a sócia da Deloitte, Heloisa Montes. Ao falar sobre sua própria experiência na área de Auditoria, afirmou que as mulheres autoconfiantes chegam mais longe, pois conseguem desbravar os caminhos. Suzana Fagundes, diretora jurídica e de relações institucionais da ArcelorMittal e membro da WILL LatinAmerica, concorda. ” Nós devemos entender que o ambiente corporativo foi feito para errar e acertar. Não podemos gastar energia em situações corriqueiras ou ruminá-las. Quando tivermos mais autoconfiança, chegaremos mais longe”.
Camila Araújo, sócia da Deloitte e também membro da WILL LatinAmerica, acredita que, por ser multitarefa, a mulher tem um grande diferencial. “Quem já enxergou isso e usa essa qualidade a seu favor está crescendo profissionalmente”, adverte.
Diversidade e resultados
Durante a conversa, foi ainda levantada a importância do equilibro entre homens e mulheres para a conquista de melhores resultados financeiros nas empresas. “O maior desafio para as empresas hoje é encontrar um mix de qualidades e pensamentos de forma a atingir mais lucros. Por isso, o equilibro entre os gêneros pode é saudável”, avalia gerente de recursos humanos da Robert Bosch América Latina,
Para Daniele Fonseca, gerente de recursos humanos da Embraco, quando as mulheres não se enxergarem como melhor ou pior e quando os homens também perceberem o mundo desta forma, será possível um maior equilibro capaz de beneficiar o mercado de trabalho brasileiro.
A criação de cotas femininas para conselhos ou cargos de liderança foi outro tema debatido no que tange à construção da diversidade de gêneros. Segundo a presidente da WILL LatinAmerica, Silvia Fazio, é necessário que haja uma transformação social, legislativa, além de conversas com o empresariado, para que as cotas sejam implementadas com sucesso. “É preciso que elas sejam meritocráticas e flexíveis e é urgente entendermos que não estamos falando de cotas para uma minoria, mas, sim para uma maioria”, diz.
“Acredito que estipular cotas é uma forma de provocar o debate sobre igualdade de gênero de forma mais rápida na sociedade. As cotas já estabelecidas em países como França, Noruega e Alemanha tiveram este papel, o de desenvolver um diálogo mais contundente e mais sério”, conclui.
Fotos: Tom Dib/Criadores de Imagens |Texto: In Press Porter Novelli