O debate sobre a necessidade de se atrair, reter e promover mulheres aos cargos de comando nas empresas foi uma iniciativa da ONG brasileira W.I.L.L. – Woman in Leadership in Latin America, presidida pela sócia-diretora do escritório de advocacia Chadbourne and Parke LPP, Silvia Fazio. Encabeçando o debate, Paulo Leme, presidente do Goldman Sachs no Brasil, Fábio Barbosa, vice-presidente do Itaú Social, e diversas executivas líderes. A intenção da WILL, segundo Fazio, é fazer com que a discussão se estenda a todos os gêneros, trazendo cada vez mais, homens para discutir a questão, tendo em vista que são eles, ainda hoje, por ocuparem os principais cargos de comando nas empresas, que decidem se e quando uma mulher pode ou deve ascender na hierarquia da empresa. “Por mais que pareça óbvio que os ambientes com diversidade de gêneros sejam mais produtivos, a realidade de muitas empresas ainda está longe de um cenário mais inclusivo, o que, comprovadamente, deixa de trazer contribuições importantes, pois já existem pesquisas que demonstram que empresas onde há uma diversidade de gêneros tendem a ser mais rentáveis que as outras, onde só há homens’, alerta Silvia.
De acordo com a presidente da WILL, dados recentes como os do Fórum Econômico Mundial apontam que as mulheres têm somente 28% das chances que os homens para atingir uma posição de liderança ao longo da carreira e que, ainda assim, demoraria cerca de 117 anos para se atingir uma paridade. “Não se pode esperar tanto tempo.
Precisamos de ações imediatas para acelerar este processo”, conclamou Silvia. De acordo com a executiva, o mercado financeiro já reconhece a necessidade de ser reverter este problema e as perdas decorrentes disso. Entretanto, “as mudanças têm sido muito lentas, o que nos leva a indagar até que ponto serão necessárias medidas legislativas para garantir a igualdade entre os gêneros” , disse. É um setor que se auto avalia e sabe que ainda há muito a ser feito para resolver essa questão”, comentou, acrescentando que gostaria de ouvir como seria possível criar condições para iniciar mudanças de perspectivas dentro das empresas. “Este debate está longe de ser um assunto de minoria, afinal, nós, mulheres, somos a maior parcela da população. O que falta, então, para enxergarem isso e darem às mulheres as mesma chances que os homens?”, provocou Silvia.
O presidente do Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme, que abriu o debate, informou que a diversidade é algo que reflete os valores centrais do banco. “Já conseguimos implementar uma série de inciativas com êxito, mas estamos ainda muito longe do que eu gostaria”, disse. Citou, ainda, a Colômbia, ao lembrar que, naquele país, há um grande número de mulheres que ocupam ministérios. ‘A impressão que eu tenho é de que está acontecendo algo ‘lá fora, que não está ocorrendo aqui, o que é lamentável’, concluiu.
Já Fabio Barbosa, vice-presidente do Itaú Social, embora convencido da necessidade de haver igualdade entre os gêneros, alegou ser contrário à afirmação de que têm que haver mulheres nos cargos de comando e explicou: “Sou contra essa afirmativa. Acho mais relevante mostrar que é preciso haver diversidade, que é melhor para a empresa, que tudo funciona melhor quando se está num ambiente em que predomine a diversidade de gêneros, mas não que isso é impositivo. É preciso que todos, independente do sexo, tenham oportunidades iguais’, defendeu. “Pessoas com visões diferentes tornam um processo decisório muito melhor dentro de qualquer instituição”, disse. “Já coloquei mulheres em conselhos para provar que é possível e acredito que é preciso forçar um pouco a barra, às vezes, para conseguirmos transformar esse cenário”, confidenciou, reforçando a ideia de que o engajamento do CEO é fator importante , pois é ele que sinalização para a organização a necessidade de mudança e que acelera este processo. Para finalizar, disse acreditar que ‘estamos indo na direção certa, mas em velocidade lenta. Não podemos continuar a subestimar uma parcela que corresponde a pouco mais de 50% da população”, defendeu.
A mesa de debate foi composta, ainda, por Regina Nunes, CEO da Standard and Poors South America, Luciane Ribeiro, CEO do Santander Asset Management Brasil, Cláudia Politanski,vice-presidente e membro do Itaú Unibanco e vice-presidente da FEBRABAN, Flávia Piovesan, secretária especial de Direito Humanos do governo interino, além da jornalista Thaís Heredia, que mediou as conversas. Todas apresentaram dados, questionamentos e descobertas sobre os avanços de algumas empresas para ajudar a ascensão das mulheres no mercado de trabalho e na sociedade. Um dos pontos altos do debate foi a questão da política de cotas dentro das empresas, que gerou uma certa polêmica. “Gostaria de ser a favor das cotas mas acredito nos benefícios da diversidade de uma forma mais ampla e sou cética com relação a métricas quantitativas”, revelou Claudia Politanski, dizendo que foi muito impactada por informações sobre alguns exemplos mal sucedidos que alguns países da Europa tiveram ao optar por essa política. “Sem muita experiência para chegar aos conselhos, a qualidade da representação feminina em alguns casos não é bem vista. O preconceito gerou inclusive o termo ‘golden skirts’, como algumas mulheres foram chamadas na Noruega”, revelou. A opinião da executiva, no entanto, não foi partilhada pelas demais componentes da mesa de debate. “As quotas permitem oportunizar e combater a discriminação para empoderar as mulheres e ampliar o valor da diversidade”, finalizou Flavia Piovesan.
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2016 © Comunicação Will Women in Leadership in Latin America
fotos: Rafael Neddermeyer e Tom Dib, Criadores de Imagens.
Imprensa: Inpress Novelli Porter