As intenções são as melhores, mas na prática ainda é preciso fazer muito para que mais executivas ocupem cargos de liderança nas empresas que atuam no Brasil. É o que mostra a pesquisa “Mulheres na Liderança” realizada pelo Instituto Ipsos em parceria com os jornais Valor Econômico, O Globo, as revistas Época e Marie Claire e a ONG Will (Women in Leadership in LatinAmerica) apresentada ontem em São Paulo.
Os dados mostram que 52% dos CEOs dizem que o tema é prioritário em suas agendas mas somente 26% das empresas que responderam ao questionário têm uma área dedicada à equidade de gênero. A boa notícia é que 52% delas são “empresas cidadãs”, ou seja, dão licença maternidade de 6 meses para mulheres e licença paternidade de 20 dias para homens. Além disso, 42% delas permitem que pais e mães que retornaram da licença possam ter horários flexíveis.
“Notamos que há um interesse do alto escalão das empresas nesse tema. Mas isso precisa ser transformado em políticas efetivas e eficientes. Muitos programas não estão produzindo um resultado positivo. A gente quer auxiliar as empresas a mudar os números”, disse a presidente da Will, Silvia Fazio, durante a cerimônia que reconheceu as empresas com as melhores práticas de inclusão de mulheres na liderança em 22 setores da economia. O evento foi realizado com apoio da Delloite, Ambev e Braskem.
Foi justamente por notar que o tema estava pautando o discurso dos altos executivos que a diretora de redação do Valor, Vera Brandimarte, decidiu se juntar a Will e ao Ipsos no ano passado. “Nos últimos anos, a gente começou a perceber que muitos presidentes de empresas passaram a falar da preocupação da contratação de equipe com diversidade, de equidade de gênero, com um discurso muito amarrado, entre outros objetivos da governança corporativa como compliance. A gente tinha curiosidade: até que ponto isso é retórica e o quanto está incorporado nas empresas?”. Na sua fala, Vera lembrou que a desigualdade está também retratada na premiação “Executivos de Valor”, que reconhece os melhores profissionais do mercado pelo jornal. “Em 19 anos foram premiados 153 homens e apenas oito mulheres”, disse a jornalista ao apresentar o evento.
Para chegar ao resultado, 165 grandes companhias que atuam no Brasil, nacionais e multinacionais, responderam ao questionário formulado pela Ipsos. Todo o material está reunido em um especial, a revista Valor Carreira, que passa a circular nesta segunda –feira. Abaixo, os vencedores por categoria.
Destaque geral: Schneider Eletric
Destaque Nacional: Braskem
Agronegocio: Cargil
Alimentos e Bebidas: Diageo
Automotivo: Bosch
Consultoria: Kpmg
Cosméticos e Higiene Pessoal: Avon
Educação: Anima
Energia: Exxon Mobil
Farmaceutico: Bristol-meyers Squibb
Construção: lafarge-holcim
Instituição Financeira: Paypal
Jurídico: Mattos Filho
Química e Petroquímica: White Martins
Seguros, previdência e capitalização: Zurich Santander
Serviços: Sodexo
Serviços de Saúde: Sabin
Serviços Digitais: Uber
Tecnologia: IMB
Varejo: Grupo Pão de Açucar
Outros setores: Souza Cruz
Equilíbrio Vida Pessoal e Trabalho: Deloitte
Fonte:
Laura Neves, Maria. Mulheres na liderança: pesquisa inédita faz o retrato da equidade de gênero no Brasil. Revista Marie Claire, São Paulo, 09 de agosto. de 2019. Disponível em: <https://revistamarieclaire.globo.com/Mulheres-do-Mundo/noticia/2019/08/mulheres-na-lideranca-pesquisa-inedita-faz-o-retrato-da-equidade-de-genero-no-brasil.html>. Acesso em: 12 de agosto. de 2019.