Em evento no CCBB, em Brasília, a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, defendeu a igualdade de gênero e o avanço no processo de mudanças culturais
A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres, participou de um debate no último dia 7, em Brasília, sobre a questão da igualdade de gêneros nas empresas, em evento organizado pela Women in Leadership in LatinAmerica (WILL), organização brasileira, cujo foco é o desenvolvimento da liderança feminina na carreira das mulheres da América Latina. Na abertura do seminário, a ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres, fez um traçado histórico da luta pela igualdade de gênero no mundo e incentivou a todos a não regredirem nas conquistas do sexo feminino. “Estarmos aqui discutindo o tema ao lado dos homens, já demonstra um avanço e significa um processo de mudança cultural. Os reflexos da sociedade patriarcal desqualificam a ética da competência, da qualidade, da sabedoria e da qualificação profissional”, declarou.
Cerca de 200 pessoas estiveram presentes, entre políticos, empresários e líderes nacionais e internacionais,entre eles a embaixadora da Áustria, Marianne Feldmann para o debate realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, cujo tema foi Convidando os Homens para o debate: o feminino gera lucro foi o tema do painel,cuja abertura foi realizada por Menicucci. Segundo a ministra, os avanços nas políticas de proteção à saúde da mulher, contra a violência doméstica econtra o preconceito ainda são lentos. Para ela, a não ascensão igualitária nos cargos de liderança no mercado de trabalho é o entrave mais grave que o movimento pelo fortalecimento da mulher enfrenta atualmente.
Segundo Silvia Fazio, presidente da WILL Latin America, empresas que contam com equilíbrio de gênero em cargos de alto escalão são mais produtivas e garantem mais resultadas efetivos às companhias. “As mulheres já representam 55% dos formados nas melhores universidades, entram no mercado de trabalho e estacionam na carreira em um certo patamar, não avançam mais.Portanto, essa conversa não se trata de um debate de minorias”, disse. Fazio, uma das líderes da Chadbourne& Parke LLP, e a primeira brasileira a se tornar sócia de um escritório de advocacia britânico, afirmou que a proposta da WILL Latin America é se tornar a voz da mulher latino-americana no mundo.
Aldo Mendes, Diretor de Política Monetária do Banco Central do Brasil, e também palestrante da noite, reforçou que as diferenças entre homens e mulheres no plano corporativo envolvem questões culturais. “É necessário um somatório de ações que consigam mudar a forma como vemos a questão de gênero”. Mendes abordou o que chamou de conformismo inconsciente: “É assim porque sempre foi assim”. Para ele, a sociedade repete a formação de estereótipos que perduram por séculos.
Segundo Regina Nunes, presidente da Standard & Poors, que lidera gestão de equipes há trinta anos,uma das maiores falácias que existem é a separação entre a vida profissional e a pessoal. “Essa é a primeira barreira. Outras, ainda, vêm da educação, da condição social e de dentro da própria empresa. Para que haja mulheres líderes é necessário obter produtividade, competitividade e o reconhecimento de talentos. Como administradora, tomo decisões que visam melhorar a produtividade e, para isso, preciso usar todo o talento disponível dentro da companhia. É igualmente fundamental haver flexibilidade para aproveitar esse talento”, afirmou.
Os debatedores discutiram também a necessidade de estender a licença paternidade. “Ao falar sobre o papel da mulher no trabalho, temos que olhar também o papel do homem dentro de casa”, avaliou Ana Cristina Rosa, gerente-executiva de Gestão de Pessoas do Banco do Brasil. ‘Todos sabemos que existe uma mudança na estrutura da família brasileira e que uma licença paternidade estendida será importante para envolver mais o homem no compartilhamento de responsabilidades domésticas’, defendeu.
Ao citar como exemplo o próprio BID, Daniela Carerra-Marquis, representante da entidade no Brasil, disse que,em 55 anos de história, o banco passou a contar com uma mulher em cargos de chefia há apenas três anos. Segundo a executiva, as corporações, instituições e famílias são como ecossistemas e buscam produtividade e harmonia. “Para conquistarmos a harmonia no ambiente de trabalho é necessário haver diversidade. Quando há diversidade aprendemos com o outro e temos a oportunidade de entender que homem e mulher são diferentes, precisam ser respeitados como diferentes, mas têm a mesma importância para a empresa”, finalizou.
VEJA TAMBÉM
Edição 1 2015: Liderança feminina gera lucro – Brasília 2015 – CEBB
Edição 2 2016: Liderança feminina gera lucro – São Paulo Goldman Sachs 2016
Edição 3 2017: Liderança feminina gera lucro – São Paulo Goldman Sachs